domingo, 2 de agosto de 2009

ESTA É A HORA





Esta é uma hora diferente e estranha. É a hora em que já tudo acalmou. A hora em que finalmente me permito a ser livre. Depois da confusão de gritos e afazeres. De crianças e adultos que me chamam. De amores e de carinhos e de trabalhos.
Depois de tudo isto, tudo pára. Esta é a hora em que tudo pára, é a hora em que tenho tempo para pensar. É a hora de sentir. De sofrer. Esta é a hora da lágrima num canto escuro. Num canto sozinho da sala a olhar para a janela. Mas não vejo a rua, quando olho para fora. É um olhar perdido que só se vê memórias… Esta é a tua hora. São estes os minutos que finalmente te dedico do meu dia, depois da tropelia e da agitação que pouco me deixam pensar em ti… e mesmo quando penso, logo um “Pai!!!” interrompe qualquer lembrança.
A esta hora todos dormem. A esta hora sonham que durmo também. A esta hora sei que posso ficar contigo. Só um bocadinho. Fico contigo até se tornar difícil estar sozinho. Tento reviver um beijo. Um abraço. Mas revivo principalmente o sorriso. Aquele sorriso que vi desaparecer no momento exacto em que te beijei pela última vez. Foi esse o momento em que percebi. Nesse beijo percebi que o sorriso se ia. Fui atrás do beijo mas não o encontrei…. Nem o sorriso.

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