quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CAPITAL


Ficava pelo menos agradado ao ver os executivos a correr de um lado para o outro entre os escritórios e os bancos. Excitavam-no os termos como off-shore, lucros, capital, downsising, Euribor e spread que esses senhores engravatados a prumo usavam.
Desceu a Rua, alegre, em direcção à bolsa de valores, e via toda a gente agarrada a instrumentos inventados por outros homens: telemóveis, PDAs, bips, etc no frenético ritmo que os negócios exigem.
Era realmente reconfortante vê-los almoçar em meia hora toneladas de calorias concentradas saídas das grandes cadeias de fast-food colocadas, felizmente, de forma estratégica no seu percurso.
Finalmente entrou no edifício da Bolsa. Era maravilhoso: mais instrumentos ao serviço destes homens, inventados por outros homens que, tal como estes, estavam de forma convicta ao serviço do dinheiro; Computadores portáteis e ecrãs de televisão piscavam luminosos ao rimo do sobe e desce das acções. Homens gritavam desesperados ou felizes, era um espectáculo lindo!
Subiu entusiasmado as escadas até ao balcão do primeiro andar de onde podia ver tudo de cima, Tirou do bolso mais um daqueles maravilhosos instrumentos inventados por outros homens, encostou-o ao ouvido direito, e realmente eufórico com tudo aquilo, premiu o gatilho.

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