terça-feira, 25 de agosto de 2009

DRAMÁTICO FURIOSO


Será que vai ser sempre assim?
Será que por trás do sonho se esconderá sempre a angústia?
Será controlável a abertura que se dá ao mundo,
e a que se recebe quando se dá tudo?
Sei lá por que desviado caminho me leva o destino
que parece obrigar a que cada descoberta traga consigo dúvidas e dores.
Cada vez que cresço um centímetro que seja
deixo de caber em todas as roupagens que antes me satisfaziam,
deixo que a felicidade me escorregue entre o que era e o que passei a ser
e o que pretendo ser depois,
E depois disso.
Será que vai ser sempre assim?
Em cada vitória sentir que perco.
Em cada dia de crescimento sentir-me menor e mais fraco.
Por cada inspiração mais sufocado.

Tenho mesmo que por tudo em causa a cada novidade,

e perder a calma, o conforto e o eu anterior por cada update?
Não pode ser diferente?
Não posso deixar de me apaixonar por tudo,
por cada acção, por cada olhar, por cada texto ou por cada ideia?
Sentir cada desejo como vital e cada vontade como urgente,
saborear cada emoção como única ou como última,
viver o mundo como se estivesse a acabar ou como se já fosse o fim.
Como se já fosse o fim de tudo?
Cada sensação é uma história de melodrama
Um enredo furioso, um dramático obstáculo para ultrapassar.
Será que alguma vez deixarei, outra vez, de ser assim
De ser EU?

domingo, 23 de agosto de 2009

AJUDA


Faltam 4 dias. Será que fará alguma diferença? No passado fez. Agora não sei. Será que desta vez, um estranho me conseguirá ajudar a ajudar-me? Não sei, o que sei é que sozinho não estou a conseguir. Não estou a conseguir viver a minha vida com aquele sentimento de pertença que devemos ter em relação à nossa vida. A sensação que tenho é que não pertenço a este espaço e a este tempo e a muitas destas pessoas. Pelo menos não lhes pertenço sempre. Pertenço aos bocados. Hoje mais que ontem mas menos que há 3 ou 4 dias. Parece que não sou feito à medida da minha vida ou vice-versa, parece que estou numa vida errada. Mas nem sempre. Há alturas em que me sinto no sitio certo na hora certa, mesmo estando no mesmo sítio e quase na mesma hora de onde sinto não pertencer. Será que a ajuda que agora procuro me ajudará a saber o que quero? Será que poderá ser o alfaiate emocional que me ajudará a caber de novo neste fato que é a minha vida? (como uma luva) Tudo são dúvidas e eu estou à beira do colapso (hoje, amanhã pode ser diferente). Não falo só de escolhas, falo principalmente de aprender a equilibrar-me com as escolhas que fiz ou que me empurraram para fazer. Falo de aprender a viver com a vida que se tem, mesmo que seguindo um rumo para a que se quer ter, mas sem revoluções precipitadas ou rupturas extemporâneas. Com mais segurança pode-se mudar, ou ficar como se está. Com o meu nível de dúvida apenas se pode ir deixando que a vida decida por nós, e isso é o pior que se pode fazer. Será que a psicoterapia me pode ajudar? Faltam 4 dias, já me ajudou antes, veremos…

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

UNIÃO


Tenho a impressão que vou conseguir. É só uma impressão. Mas como é baseada em coisas concretas que se vão passando, sinto que é um bom presságio e vou seguindo esta rota. Não há certezas, nenhumas. Não há nada no horizonte que faça com que esta impressão se transforme em convicção sequer. Mas como, em grande parte o cumprimento destes objectivos depende da minha capacidade de trabalhar e de lutar, vou carregando nesta tecla, uma e outra vez, e outra, e ainda outra vez, até que um dia surja a oportunidade. Esta oportunidade, como todas as oportunidades, mais tarde ou mais cedo acabará por aparecer, e por isso, vou mantendo os olhos bem abertos pois essa é a única maneira de a ver.
Já passou o tempo de duvidar de coisas como capacidade ou talento, acho que já provei a mim mesmo que tenho, pelo menos, a capacidade de trabalho e de sofrimento necessárias à conquista dessa entidade abstracta que é o talento. Tenho mesmo a sensação que o peso do talento não é assim tão grande, e que serve essencialmente, para distinguir os muito bons dos fora de série. Não acredito que possa ser um fora de série, mas acredito que poderei ser bom, muito bom até, quem sabe… O grande problema é que não basta isso, é necessário estar no sitio certo na hora certa; é necessário perceber que este é o comboio a tomar e não o outro; é necessário distinguir qual a estação em que se deve sair para mudar de comboio ou para seguir a pé; é necessário sentir se esta companhia ou outra nos completa e nos faz bem (principalmente na perspectiva pessoal, quem nos faz bem pessoal ajuda-nos em todos os campos da vida) , e saber também quando é altura de seguir o caminho sozinho. Tenho, até aqui conseguido, embora com alguns trambolhões, escolher tudo isto de uma forma mais ou menos coerente e que me tem feito avançar neste objectivo. É principalmente nos outros, na entreajuda e no apoio que damos e recebemos que está a fonte desta capacidade de trabalho e principalmente da força que nos leva a continuar cada vez que o caminho é incerto e assustador ( e isto acontece tantas vezes). Cada vez que duvidamos dessa força ou dessa capacidade, ou do talento, ou até da vontade de continuar, são os outros, aqueles que chamamos de amigos, independentemente se os conhecemos desde sempre ou há meia dúzia de meses, aqueles que connosco percorrem este percurso, que nos darão a sua força com toda a disponibilidade e toda a generosidade de quem sabe, porque o sabem, que também temos sempre para eles.

Neste momento acredito estar no lugar certo, na hora exacta e com a companhia que ultrapassa todas as expectativas. Estou convosco. É por mim, mas também por vocês que luto, todos os dias para que daqui a uns anos possamos jantar tardiamente, todos juntos ou em grupos mais pequenos, depois de cada noite de estreia, seja a minha ou a vossa, para festejar mais um sucesso como um grupo unido que cada vez mais devemos e temos que ser.

Obrigado.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

DIA NÃO!


Acordei num daqueles dias em que só me apetecia não ter acordado. Não que tenha alguma razão concreta para acordar assim, mas a sensação depressiva com que hoje abri os olhos faz-me prever um dia difícil. Há dias em que só o facto de ter que falar, ter que ver, ter que andar, tomar banho ou vestir são símbolos da mais infeliz das acções que temos que desempenhar no dia a dia. Depois de já alguns anos de vida, em que este tipo de sensação já me aconteceu algumas vezes, continuo sem ideia de como lidar com isto. A vontade é de me fechar e não sair, não ver ninguém e não falar nem comigo. A vontade é voltar a dormir e só acordar amanhã, de preferência acordar para ver um sol radioso, não só no céu, mas também dentro de mim, e fazer um sorriso aberto quando acordar e puder ver à minha volta aqueles que mais amo…

sábado, 15 de agosto de 2009

DIA DE ESTREIA


Papel em branco
Actor do nada
Diálogos cortados
Riscados rasgados
Diálogos perdidos.

Papel em branco
Marcação indefinida
No proscénio da morte
No palco da vida
No texto apagado.

Uma luz que cega e mostra
No taco da contracena
No pano fechado
Um grito abafado
Na boca de cena.

O dia de estreia
Noite de tudo ou nada
O pano subiu
E na luz apagada
O publico…
Ah, o publico…
“Puta que pariu”.

CONTRADIÇÃO

Escrito após uma aula de corpo do Jean Paul Bucchieri.


Fui mais longe, mais forte, mais fundo.
Fui mais perto mais leve e superficial,
Fui ai, aqui sem ser ou sentir.
Fui Deus, fui escravo e mortal.

Fui mais eu e tão pouco sincero.
Fui mais falso e tão genuíno.
Fui eu sempre e nem sempre fui eu.
E mesmo distante sempre fui eu.

Fui porque tinha mesmo que ir.
Fui para onde não sei onde fui.
Fui para onde, afinal, não fiquei.
Fui mas não fui, só pensei.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Private joke




Este texto tem a ver essencialmente comigo, não é um reparo a ti ou a qualquer atitude tua. Não é para te mostrar como podes provocar sem querer ou até sem dares conta que o estás a fazer. Não. Este texto é sobre mim, ou se quiseres sobre nós, mas é para demonstrar como, neste momento “pedires um rebuçado não significa apenas isso” na minha cabeça. E isto passa-se não por teres, ou por eu ver nisso qualquer outra intenção. Significa mais, pelo sinal que emite, pelo que representa. Mostra-me que afinal sempre temos uma história juntos, uma história que, pelo menos para mim, foi importante. Estou convencido que para ti também.
De que estou a falar? Estou a falar dos moinhos (ou ventoinhas como lhes chamas) que sempre que os vês partilhas comigo. Não que seja grande coisa, mas é grande por ser algo que nos junta cada vez que os vemos sozinhos (e eu vejo-os todos os dias). Não que essa partilha signifique, em si, nada de especial, o que é especial é o tal sinal que emite. Grita-me aos ouvidos: “os moinhos fazem-na lembrar-se de mim!” E isto passa-se com dezenas de outras coisas, com um, ou com outro, ou até coisas como os moinhos que fazem isso aos dois. Coisas que nos lembram que passámos pela vida um do outro. É esse sinal que ainda dói por ser apenas relacionado com memórias passadas e não com uma vida presente, e dói mesmo que não se queira essa vida no presente, é que, por mais decisões que tomemos, as nossas entranhas pedem-nos coisas que não lhes podemos dar. E ao mesmo tempo que dói, não quero perder esses sinais, de forma nenhuma. Também se passa isto contigo?
Gostava de um dia poder receber esse sinal “apenas” com um sorriso nos lábios de uma boa recordação, ou com uma gargalhada aberta, acompanhado por ti. E os dois, capazes de rir porque, nessa altura saberemos que afinal, a nossa história foi uma coisa boa que nos aconteceu. Que essa história é, no mais intimo, um bom segredo só nosso que nos fará rir, sem que ninguém à volta, perceba porquê… Private joke.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AMANHÃ







Não quero saber de amanhã.
Não me interessa amanhã.
Amanhã não existe.
Amanhã pode até nem chegar.
Hoje está cá,
aqui, comigo..
Amanhã é futuro, previsivelmente,
Não é real.
Amanhã só chega se viver hoje.

Quero lá saber de amanhã!
Amanhã penso nisso.
Hoje é agora,
é hoje,
sinto-o e vivo-o, hoje.
Sei lá se viverei amanhã…

Se hoje posso preparar amanhã?
Posso, sempre.
Posso ligar-te hoje,
para te ver amanhã.
E quando o amanhã for hoje,
e se o amanhã for hoje,
viverei o agora
sem pensar em amanhã.

ESTIVESTE LÁ ONTEM?


Estiveste lá ontem? Não te vi. Não senti a tua presença por aquelas bandas. Quer dizer, para ser sincero, vi-te, falei contigo até, mas não eras tu. Eras outra qualquer. Ontem estiveste tão longe quanto perto quando me cumprimentaste e quando, a espaços, falaste comigo. Estavas tão distante como era enorme a minha vontade de te encontrar, e de facto, não te encontrei. Havia uma barreira qualquer que não deixou que eu te sentisse. Não era um muro, como na peça, com uma fenda por onde os amantes se falavam e se viam, não. Por esta barreira nenhum amante sentiria a presença do outro sequer. Era um muro maciço que impossibilitou qualquer contacto entre nós, quer dizer, entre mim e aquela outra pessoa que lá estava. E no entanto, estavas lá, mesmo à mão de semear, só que eu não fui capaz de chegar a ti. Não gostei muito daquela rapariga que foste naquela noite, não eras tu.
Depois, quando fomos embora, cada um pelo seu caminho, mandaste uma mensagem, esta era tua, eu sei: “trouxeste a camisa que eu gosto.” Eu respondi, mas respondi à outra, aquela que lá esteve nessa noite: “Tal como tu, eu não surpreendo.” Ainda embutido na desilusão de, como era de esperar, não teres ficado comigo, tu não a outra, mais um bocado.

domingo, 9 de agosto de 2009

sábado, 8 de agosto de 2009

A VOLTA


Há dois dias fui andar de bicicleta. Achei, e acho que preciso compensar a falta de ritmo das férias. Foi uma óptima ideia.

Agarrei numa bicicleta emprestada e lá fui eu, Ericeira fora, desde Ribeira d´Ilhas até à Foz do Lizandro. 14km ida e volta. Cheguei a casa a escorrer em suor e com o coração que parecia poder rebentar. Foi uma óptima ideia.

A bicicleta era toda profissional, mudanças atrás e à frente, suspensão regulável e principalmente um selim tão bom, tão aerodinâmico e tão pequeno, que me fez andar dois dias, quase sem me poder sentar por causa das dores no rabo. Foi uma óptima ideia.

Só desmontei da bicicleta, neste percurso, nas 2 subidas mais íngremes, já a meio, e quando o meu coração me disse: “paras agora, ou paro eu.” Foi uma óptima ideia.

Ontem tive na mesma que ir trabalhar, tive na mesma que tomar conta e brincar com as miúdas, tive na mesma que fazer o jantar. Foi uma óptima ideia.

Fiz o percurso sempre a abrir, em pouca mais de 20 minutos contando com montar e desmontar da bicicleta. Foi uma óptima ideia.

Esqueci-me de levar água, ia morrendo de sede. Foi uma óptima ideia.

Seja como for, hoje vou outra vez. Vou levar água, vou andar mais lento e fazer menos quilómetros, porque se controlar bem a coisa, e com um pouco de treino, daqui a duas semanitas já posso fazer o disparate de há dois dias ou pior. Afinal, foi uma óptima ideia.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009


Estou perdido na indeterminada escolha que tenho que fazer. Não tenho os dados do futuro para saber qual o melhor caminho a seguir. Qualquer das direcções assusta e acabo por ficar parado na encruzilhada. As bifurcações que se me apresentam são incertas e tento manter-me na “main road” que fui seguindo nos últimos anos. Mas até essa “ main road” me assusta agora, até este caminho que já devia conhecer é incerto daqui para a frente e já não sei se o que sempre me fez feliz pode continuar a fazer. Pior, já não sei se sou capaz de continuar a fazer felizes os meus companheiros de jornada.
Os caminhos são sempre um problema, só sabemos onde vão dar e por onde passam conforme os vamos percorrendo, e é impossível percorrer mais do que um caminho de cada vez. Ao escolher um, os outros ficam para trás e perdem-se nas memórias e adivinhações do que poderia ter sido. Se o caminho escolhido, depois de parte do percurso, não nos servir? O outro já passou e na vida não se anda para trás. E se descobrirmos que, afinal, o caminho deixado para trás, era afinal, o que deveríamos ter seguido? Se tivermos sorte, muita sorte, pode ser que ele nos apareça numa bifurcação mais à frente, mas as hipóteses são mínimas.
Sim, neste caso, outros caminhos se nos apresentarão, e com eles, novas escolhas difíceis e angustiantes, novos dramas e encruzilhadas aparecerão para que comece tudo de novo.
Por mim, já tomei uma decisão inapelável. Decidi de forma concreta, decidida, consciente, verdadeira, sem dúvidas, reflectida e principalmente inabalável que não sei o que fazer…


Boa sorte caminhantes!

MUDO




Ontem disseste-me que estavas cansada da minha atitude, da minha irritação, da minha ausência mesmo quando estou. Eu fiquei calado, fiquei mudo.

Ontem falaste-me de família, falaste-me de amor, falaste-me de compromisso. Eu fiquei calado, fiquei mudo.

Ontem perguntaste-me o que queria, perguntaste-me porque é que eu não estava feliz, perguntaste-me porque é que agora, com a vida mais calma, não éramos a família que fomos. Eu fiquei calado, fiquei mudo.

Ontem questionaste o meu esforço, questionaste a minha luta por nós, o meu comprometimento. Questionaste as minhas intenções e desejos. Eu fiquei calado, fiquei mudo.

Ontem fizeste amor comigo. Ontem fiz amor contigo. Não disse nada. Fiquei calado, fiquei mudo.

Amo-te.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

CAPITAL


Ficava pelo menos agradado ao ver os executivos a correr de um lado para o outro entre os escritórios e os bancos. Excitavam-no os termos como off-shore, lucros, capital, downsising, Euribor e spread que esses senhores engravatados a prumo usavam.
Desceu a Rua, alegre, em direcção à bolsa de valores, e via toda a gente agarrada a instrumentos inventados por outros homens: telemóveis, PDAs, bips, etc no frenético ritmo que os negócios exigem.
Era realmente reconfortante vê-los almoçar em meia hora toneladas de calorias concentradas saídas das grandes cadeias de fast-food colocadas, felizmente, de forma estratégica no seu percurso.
Finalmente entrou no edifício da Bolsa. Era maravilhoso: mais instrumentos ao serviço destes homens, inventados por outros homens que, tal como estes, estavam de forma convicta ao serviço do dinheiro; Computadores portáteis e ecrãs de televisão piscavam luminosos ao rimo do sobe e desce das acções. Homens gritavam desesperados ou felizes, era um espectáculo lindo!
Subiu entusiasmado as escadas até ao balcão do primeiro andar de onde podia ver tudo de cima, Tirou do bolso mais um daqueles maravilhosos instrumentos inventados por outros homens, encostou-o ao ouvido direito, e realmente eufórico com tudo aquilo, premiu o gatilho.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009


Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar


Só por ter dois sois
Só por hesitar
Fiz a cama na encruzilhada
Chamei casa a esse lugar


E anda sempre alguém por lá
Junto á tempestade
Onde os pés não tem chão
E as mãos perdem a razão

Só por enfrentar
Só por destruir
Tenho as chaves do céu e do inferno
Deixo o tempo decidir

E anda sempre alguém por lá
Junto á tempestade
Onde os pés não tem chão
E as mãos perdem a razão

Só por existir
Só por duvidar
Tenho duas almas em guerra
E sei que nenhuma vai ganhar
E sei que nenhuma vai ganhar.


Jorge Palma

MÚSICA


Deixaste-me só. Percebi hoje que fiquei despojado até da música. “WITH OR WITHOUT YOU” já não consigo ouvir U2. “SEI QUE NÃO DÁ PARA MUDAR O COMEÇO” mas a ANA CAROLINA não me ajuda a “MUDAR O FINAL”. Está-me vedado o VITORINO, proibiu-mo a “TINTA VERDE DOS TEUS OLHOS”. O “LOLIPOP” do MIKA lembra-me doce e doce lembra-me o teu beijo e recorda-me que não pode ser verdade que “LOVE ONLY GETS YOU DOWN.”. Continuo a tentar o PALMA que me diz que “ESTA MIÚDA É UMA FEITICEIRA ”, e que “FIZ A CAMA NA ENCRUZILHADA E CHAMEI CASA A ESSE LUGAR”. O GODINHO, o meu GODINHO, “COM UM BRILHOZINHO NOS OLHOS”, diz-me todos os dias: “HOJE É O PRIMEIRO DIA DO RESTO DA TUA VIDA”, embora nunca seja. Onde posso ir buscar conforto se até o FREDDY MERCURY me grita aos ouvidos “FIND ME SOMEBODY TO LOVE”?
Já não pensava poder ser tocado desta forma, que a música, que sempre me deu vida, me pudesse matar a cada acorde. Que os acordes me pudessem ferir em cada verso e que cada instrumento me revelasse refrões cortantes. Não quero que o turbilhão de alegria e alguma (muita) impaciência e inconstância que foste e és desapareça da minha vida, não aceito o “I WHANT TO BREAK FREE” a que os QUEEN me aconselham. Continuo a sonhar poder um dia chamar-te gritando “IN THE NAME OF LOVE”…

DESISTIR


I
Nem sempre fui assim, sabes? Houve um tempo em que me senti seguro. Houve um tempo em que as dúvidas rapidamente se transformavam em certezas e decisões cirúrgicas.
Nem sempre fui assim, sabes? Mas já tinha sido assim antes. Antes de ti tudo era dúvida e incerteza. Tudo era um drama de indecisão. Depois, apareceste, foste luz e mapa. Foste direcção, e avisos e rede. Foste tudo. Foste mulher, foste mãe (sim, para mim também foste mãe), foste amiga e companheira e foste essencialmente parte de mim.
Nem sempre fui assim, sabes? Houve um tempo em que foste tudo o que importava. Um tempo em que um mais uma não era igual a dois, mas igual a nós.
Nem sempre fui assim, sabes? Agora já nem me lembro bem, mas já fomos sonho na realidade. Agora não sei o que somos. Passamos do sonho ao pesadelo em curtos minutos, e depois ao sonho de novo. Roda viva de emoções inconstantes. Minhas. Tu continuas a lutar pelo nosso sonho. Eu, sinto-me a desistir…


II
Nem sempre fui assim, sabes? Houve um tempo em que passaria por ti indiferente. Houve um tempo em que teríamos sido “só” amigos. Houve um tempo em que a nossa “química” terias tido outro fim.
Nem sempre fui assim, sabes? Mas já tinha sido assim antes. Há muito tempo ter-me-ia apaixonado por ti. Teria tido as mesmas reacções e intenções, as mesmas que agora. Teria tido as mesmas urgências, a mesma paixão e o mesmo deslumbre. Teria tido exactamente os mesmo instintos, aqueles que te encantam e afastam, e até os infantis e estúpidos.
Nem sempre fui assim, sabes? Já fui rígido de princípios e éticas, e já fui emocionalmente protegido. Houve um tempo em que teria sido cego para ti. Era outro tempo, não agora. Agora vejo-te mesmo quando não estás, e sinto o teu cheiro doce quando desapareces. Houve um tempo, aquele em que eu já tinha sido assim, em que lutaria por ti mesmo que fugisses como foges. Mesmo que fosses como vais, eu estaria sempre no lugar onde chegasses. Nesse tempo podia lutar e seguir sem restrições. Agora, quando foges, embora de forma quase sempre falhada, sinto-me a desistir…

terça-feira, 4 de agosto de 2009

CAIXA DE PASTILHAS


A tua caixa de pastilhas ainda está no meu carro, do teu lado. Está vazia, não sobrou nenhuma. Mas mesmo assim não consigo deitar fora esta prova de que estiveste ali. Não tenho outra, não tenho qualquer outra evidência da tua presença, só memórias. Mas as memórias não provam nada e atraiçoam-nos. Constroem-se misturando-se acontecimentos com desejos. A caixa de pastilhas é real. E embora não existam muitas coisas tão pouco românticas como uma caixa de pastilhas vazia, esta é a única coisa que sobrou , no meu carro, para provar que ali estiveste comigo…

domingo, 2 de agosto de 2009

ESTA É A HORA





Esta é uma hora diferente e estranha. É a hora em que já tudo acalmou. A hora em que finalmente me permito a ser livre. Depois da confusão de gritos e afazeres. De crianças e adultos que me chamam. De amores e de carinhos e de trabalhos.
Depois de tudo isto, tudo pára. Esta é a hora em que tudo pára, é a hora em que tenho tempo para pensar. É a hora de sentir. De sofrer. Esta é a hora da lágrima num canto escuro. Num canto sozinho da sala a olhar para a janela. Mas não vejo a rua, quando olho para fora. É um olhar perdido que só se vê memórias… Esta é a tua hora. São estes os minutos que finalmente te dedico do meu dia, depois da tropelia e da agitação que pouco me deixam pensar em ti… e mesmo quando penso, logo um “Pai!!!” interrompe qualquer lembrança.
A esta hora todos dormem. A esta hora sonham que durmo também. A esta hora sei que posso ficar contigo. Só um bocadinho. Fico contigo até se tornar difícil estar sozinho. Tento reviver um beijo. Um abraço. Mas revivo principalmente o sorriso. Aquele sorriso que vi desaparecer no momento exacto em que te beijei pela última vez. Foi esse o momento em que percebi. Nesse beijo percebi que o sorriso se ia. Fui atrás do beijo mas não o encontrei…. Nem o sorriso.