quarta-feira, 30 de setembro de 2009

MORDAçAS


Estou cançado.
“sick and tired” desta forma.
Podia ser outra forma se mudasse com ela os conteúdos…
Ou se mudasse tudo.
“não posso fazer porque não é justo”
Que justiça há em não fazer, também?
E pensar, também não é justo?
E desejar ardentemente também é enganar?
E amar?
Fico quieto e adormeço neste limbo indeciso.
Faço ou não aquilo que se me impera?
Rasgo ou mantenho-me firme na minha éticazinha e na minha moralzinha?
“Não faças aos outros…”
E não faço.
Se os pode magoar, aos outros…
Escondo, não conto não mostro
Aliás é isso “que eu quero que me façam a mim…”
Pudor judaico cristão de merda,
Regras, eu sei que são regras para podermos viver em sociedade…
E os desejos? As vontades? As paixões?
Também se vivem com regras?
Há regras no amor, na paixão?
Há regras no modo apaixonado de criar,
No modo excêntrico de explodir ou implodir
Ou rasgar
As cordas e mordaças que temos ?
Não há.
E o que mais oiço é:
“controla-te!”
“comporta-te”
“Esquece”


MORRE!!!!!!


Pois eu, não quero morrer.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

QUERO


Sei lá o que quero.
Quer dizer, sei o que quero agora.
Quero tudo como está.
Tudo igualzinho ao que tenho.
Quero exactamente estar onde estou,
com quem estou, mesmo neste momento em que estou.
Quero ser quem sou, o que sou e como sou.
E quero tudo o resto.
Quero o que não sou e o que não tenho.
Quero não ter que escolher,
e às vezes nem quero viver.
Pelo menos esta vida,
ou a outra ou outra qualquer,
ou todas.
Às vezes quero todas
Sem querer nenhuma.


É mais fácil o que não quero:
Nada.
O que eu não quero é nada.
Ou seja:
- Não há nada que eu não queira -
Não quero perder,
não quero deixar,
não quero esquecer,
não quero ignorar,
nem deixar de importar.
Não quero saber,
não quero sofrer,
não quero morrer,
e às vezes nem sequer quero viver.
Mas quero existir, sempre.


Sou o que quero e o que vivo.
Em cada momento,
em todos os momentos.
E quero tudo, sempre.
Tudo agora,
e depois.
Sugar tudo de tudo e de todo o lado.
Tanto quero a razão como a mais absoluta estupidez.
O amor e o ódio casados ou em união de facto,
Bem juntinhos e abraçados.
Quero tudo porque tudo é pouco,
uma vida só para viver tantas
Um tempo para tantos factos e tantas dores,
e tantos sabores e cheiros e caminhos.
Quero todos os caminhos e estradas,
de todos os mapas.
Saber onde me levam e porquê.
Quero os caminhos mais que os destinos
sejam quais forem ,
uns e outros.
Os destinos são finais e eu não quero finalizar nunca.
Quero caminhar em direcção oposta daquela em que estiver,
e oposta a essa também.
Caminhos paralelos, diagonais, cruzados e perpendiculares.
Todos os caminhos que aguentar,
sabendo que quando cair,
a queda também é um caminho para viver em toda a sua plenitude,
como tudo o resto.


Quero o cansaço quando estou parado.
E o descanso quando não tenho tempo para pensar.
E quero o tempo,
e o espaço e o vazio,
o vácuo e o nada.
Quero tudo o que tenho direito,
mesmo que não tenha direito a nada.
Quero o suor do amor e do trabalho,
e de mais mil,
trabalhos e amores.
E quero as lágrimas e os desânimos,
as euforias e os enganos.
Por favor enganem-me!
Quero ser enganado mil vezes,
quero pensar que sim quando é não, que não quando é sim,
e vice-versa.
E saber ao que sabe um coração
esteja partido ou inteiro,
morto ou vivo,
a sangrar ou não.
Por favor maltratem-me!
Quero sentir a dor de ser maltratado,
mal amado, pouco amado e amado de mais.
A dor de não ter espaço nem tempo para tanto amor,
E a dor de não ter amor nenhum.


Só quero tudo.
Nada demais para pedir.
Não quero sofrer nem escolher,
escolha é perda,
e eu não quero perder nem a feijões.
A escolha é a única coisa que não quero
a única que não posso esquecer.
A escolha é a única que me pode vencer.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A GRANADA

Quero ser uma bomba.
Sei lá, uma bomba relógio,
ou um cinto de explosivos
à cintura de um qualquer terrorista numa luta sagrada.
Uma bomba atómica.
Cogumelo de fogo.
Destruição que se prolonga no tempo,
por muito tempo.
Destruição institucional por uma grande bandeira,
uma grande potência.
Quero ser uma bomba de carnaval,
Bombinha chinesa que quase nunca sequer assusta,
que faz só um estalido…pum!
Que nem uma mão arranca nem um dedo,
apenas uma leve queimadura que dura o exacto instante de um “ai”.
Sou granada.
Contra a minha vontade sou granada.
Quando for atirado, cavilha armada (nem que seja em parva)
rebentamento calculado com grande grau de erro,
dependente do arremesso e da pontaria de um braço
e da força e destreza do lançador que grita:
“fire in the hole!” se for em ingles, claro,
Que “fogo no buraco” não dá estilo e não assusta.
E ao rebentar,
meia dúzia de estilhaços poderão marcar alguém,
destruir um pouco,
mas nem sequer são os muitos fragmentos de uma mina anti- pessoal,
furtiva e fatal para alvo indiferenciado.
NÃO! Nem mina sou.
Sou uma estúpida granada que espera explodir em boas mãos,
(aí matava de certo o dono das mãos).
Mas se explodir no ar,
cedo de mais,
longe do alvo, do objectivo
será estúpido o fim como a explosão,
como foi o planeamento desta missão a que chamo vida,
(planeamento inexistente)
tantas vezes em vão.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

TRÁZ O ÓLEO


Quando tudo pode estar bem,
quando não há, em nós, nada que impeça a fortuna,
quando nada nos pode estragar o dia,
e por mais que se procure já não se encontram dúvidas relevantes.
Ai! Um pequeno desencontro!

Quando se percebeu o que nos importa,
e apesar das dificuldades se aposta,
e apesar dos monstros, e ninfas, sereias e dragões
se vai em frente,
Ui! Uma dor de dentes!

Quando finalmente se escolhe,
e não deixando nada para trás se segue o caminho,
escolhendo um futuro e aceitando o passado,
o longínquo e o recente,
Ai! O tempo não chega!

Quando se sabe, quando se decide,
quando se quer e quando se escolhe,
há dores de dentes, desencontros, enxaquecas ,
mas nada de nada nos demove de lutar pela vida.
Ai, mas às vezes, o motor emperra…
TRÁZ O ÓLEO!!!